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Eu esperava que, logo após interromper o uso de anticoncepcional, minha menstruação fosse demorar um pouco mais do que o normal para chegar (uma amiga havia ficado três meses ininterruptos sem menstruar desde que parou de tomar). Então, eu achava que o mesmo pudesse acontecer comigo.
Exatamente por isso, eu não estranhei nem um pouco o meu primeiro atraso. Não achava que eu estava grávida nem fiquei preocupada com a extensão do ciclo. É claro que eu preferia que ele estivesse bem regular e regradinho – como era quando eu tomava pílula –, mas não cheguei a me estressar. Algumas vezes eu senti uma cólica bem levinha durante a madrugada, aí pensava: "minha menstruação deve estar chegando". Mas ela não vinha.
Um belo dia, fui fazer um exame médico periódico – o que é exigido anualmente no meu trabalho. Na consulta, a médica que me atendeu me falou que era para eu tomar cuidado durante este primeiro mês sem tomar anticoncepcional: segundo ela, nesse período a chance de gravidez gemelar era grande, porque meu organismo, que estava acostumado com a pílula, poderia dar uma endoidada e superovular. Eu nem sabia dessa possibilidade aumentada, e neste dia minha menstruação já estava um pouquinho atrasada. O atraso ainda era muito, muito pequeno, mas, diante do alerta da médica, eu resolvi fazer um teste de gravidez (desses de farmácia), só pra tirar da minha cabeça a possibilidade de estar grávida de gêmeos.
Fiz o teste – sem qualquer pretensão ou pressão – e deu negativo. O resultado serviu para que eu concluísse que o atraso era normal, decorrente do fato de o meu corpo ainda estar se acostumando à ausência de anticoncepcional. E tudo bem.
Quase um mês depois desse teste negativo, meu ciclo ainda estava atrasado. O Rafa chegou a me perguntar: "Será que você não está grávida, não??" Mas eu continuava achando que eu não estava, porque, apesar de saber como são feitos os bebês, hahaha, eu imaginava que não iria engravidar tão rápido assim. Fora o fato de que eu não estava com absolutamente nenhum sintoma, além do atraso. Não estava tendo enjoos, não senti nenhuma alteração física, nada.
Nessa época, eu estava com uma consulta de rotina agendada com a minha ginecologista (consulta esta que já estava marcada há um tempão), e ia aproveitar a oportunidade para comentar com ela: "ai, esse negócio de não tomar anticoncepcional é muito chato! Você não sabe quando a menstruação vai chegar..." Mas, de toda forma, achei melhor fazer um teste de farmácia antes da consulta, só para chegar ao consultório podendo afirmar com mais certeza que o atraso não era decorrente de gravidez.
Assim, no domingo, um dia antes da minha consulta com a ginecologista, acordei e fiz o teste. Nem comentei com o Rafa que iria fazer, porque, na minha cabeça, eu não estava grávida. Não queria ficar criando expectativa nele. Mas qual não foi a minha surpresa quando apareceram dois risquinhos vermelhos no palitinho do teste!
Eu realmente não esperava por aquele resultado positivo. Fiquei olhando para o palito um tempo, sem acreditar muito no que estava vendo... Comecei a tremer, acho que fiquei até pálida, hahaha! Mas eu sou uma pessoa cautelosa demais, não gosto de cantar vitória antes da hora, sempre penso que as coisas podem não ser como eu estou pensando que são, gosto de trabalhar com certezas "100% certas" (rs)... E não descartei a possibilidade de o resultado ter sido um falso positivo. Até porque eu fiquei pensando: "esse negócio de teste de farmácia... Sei não... Uma coisa tão baratinha, não sei se dá pra confiar nesse trem!!"
Mesmo assim, o positivo é algo impactante demais, e eu não conseguiria esconder este resultado do Rafa. Fui correndo para a cozinha contar para ele, mas no final falei para ele não criar expectativas demais, porque poderia ser um falso positivo. Mal sabia eu que, em se tratando de teste de gravidez, falsos positivos praticamente não existem, haha!
Acho bonitinho quando as mulheres descobrem que estão grávidas e fazem alguma surpresa para o marido, comprando uma roupinha ou algo do tipo para dar a notícia. Mas eu definitivamente não daria conta de manter esse segredo escondido do Rafa.
Ele ficou encantado com a notícia, me abraçou todo feliz. Acho que não adiantou nada eu falar para ele que poderia ser um falso positivo, porque ele não confiou muito nessa possibilidade.
Como eu comentei, era uma manhã de domingo, e neste dia nós íamos almoçar na casa dos meus pais. Não comentei nada com eles nem com as minhas irmãs, porque queria fazer um novo teste de farmácia, e também porque no dia seguinte eu teria consulta com a minha ginecologista, e poderia checar se estava tudo ok. À noite, fiz mais um teste, que também deu positivo. A partir daí comecei a acreditar que realmente nossa família estava crescendo.
No dia seguinte, fui à consulta e já cheguei contando que eu achava que estava grávida (sou muito cautelosa, haha!). Ela me perguntou: "por que você acha?" Eu respondi: "porque fiz dois testes de farmácia ontem, e ambos deram positivo...". Ela começou a rir e falou: "então você está grávida!! Parabéns!!". Na consulta, ela fez o exame clínico de rotina e comentou que meu útero já estava mais gordinho. Solicitou o exame de sangue para uma confirmação mais exata e fez o pedido de um primeiro ultrassom – que eu só deveria fazer dali a umas quatro semanas.
O exame de sangue eu fiz no dia seguinte. O resultado saiu na mesma tarde, e a dosagem do hormônio Beta HCG estava muito, muito, muito acima do valor de referência mínimo que acusa a gravidez (fiquei até achando que estava grávida de gêmeos! Hahaha!). A partir daquele momento, era oficial: estávamos grávidos!! Começava, então, uma das experiências mais incríveis e desafiadoras das nossas vidas! :)