Wall-e é uma animação da Disney/Pixar que conta a história de um robô, Wall-e (abreviatura de "Waste Allocation Load Filters - Earth Class" ou, em português, "Localizador e Coletor de Lixo - Classe Terrestre"), que habita a Terra depois de ela ter sido entulhada de lixo e de ter, com isso, se tornado inabitável para seres humanos. Basicamente, a função de Wall-e é coletar e compactar todo o lixo existente sobre a superfície terrestre – e a quantidade de resíduos é tão grande, que com eles o robô consegue construir centenas de arranha-céus. Sua única companheira viva é uma barata (inseto que geralmente não nos desperta sentimentos muito nobres, mas que, na animação, consegue conquistar o espectador). Durante sua tarefa de coletar e compactar entulho, o simpático Wall-e acaba se encantando por alguns objetos pessoais que acha pelo caminho: colecioná-los é a forma que o robô encontra de se conectar com a humanidade e de amenizar o sentimento de solidão.
Certo dia, Wall-e é surpreendido pela chegada de um novo robô à Terra: trata-se de Eva, uma máquina moderna e com design incrível que é enviada ao planeta em busca de algum sinal de vida terrestre. Em pouco tempo de convívio com essa nova inteligência artificial, Wall-e se apaixona. E daí por diante veremos o desenrolar de uma história de alumbramento, aventura e ambição.
Wall-e é uma produção envolvente que comprova uma grande verdade: há muito tempo o gênero "animação" deixou de se circunscrever apenas ao público infantil. É claro que o filme é uma bela forma de lazer para crianças: é uma animação que entretém e que transmite uma boa mensagem de consciência e preservação ambiental para os pequenos. Mas o filme vai muito além, e lança luzes sobre diversas questões – cinematográficas e antropológicas – que o tornam capaz de encantar muitos adultos. Em primeiro lugar, Wall-e já surpreende por ser um filme que, apesar dos pouquíssimos diálogos (a influência do cinema mudo sobre a película é clara), está longe de ser enfadonho. Em segundo lugar, é incrível como os robôs Wall-e e Eva são capazes de conquistar e comover o espectador apenas com olhares e gestos (afinal, são máquinas: praticamente não falam; apenas emitem sons). Além disso, a trilha sonora do filme também é uma delícia de ouvir! No que se refere aos aspectos antropológico, social e cultural, Wall-e propõe uma série de reflexões relacionadas: à relação existente entre o avanço tecnológico e a atrofia do pensar, do agir e do sentir; à responsabilidade humana pela conservação do planeta; à relatividade do domínio do homem sobre a máquina (no final das contas, quem domina quem?); à ganância e à ambição irrefletidas e irrefreadas.
Wall-e é um filme para toda a família, sem restrições. Mas talvez conquiste mais os adultos do que as crianças.
- desconstruir a ideia de que "animação é coisa de criança";
- provar que um bom filme pode ser construído sem muitas falas;
- fazer o espectador refletir sobre diversas questões antropológicas e tecnológicas;
- toda a família, do membro mais novo ao mais ancião.
Duração: 1h37min
Ano: 2008
Direção: Andrew Stanton
Gênero: Animação
Nacionalidade: EUA