Na minha mesa de trabalho eu tenho um calendário que, diariamente, vou riscando para indicar os dias que já se passaram. Faço isso enquanto espero por determinada mudança na minha vida, algo que eu desejo muito, mas que não sei quando acontecerá. Ao riscar cada dia passado, é como se eu dissesse pra mim: "mais um dia se passou. Mais perto você está de alcançar o seu desejo; mais perto você está do dia em que ele se tornará realidade". E assim vou riscando os dias. Quando o mês passa, eu arranco a página correspondente àquele mês.
Uma colega de trabalho, passando em frente à minha mesa outro dia, viu meu calendário todo riscado e morreu de dó. "Tadinha! Parece calendário de presidiário!" – ela falou, com certa perplexidade e dose de compaixão. Eu morri de rir da observação, porque realmente nunca enxerguei a situação dessa forma. Não me sinto uma presidiária; nem me sinto infeliz. O que não significa que eu esteja 100% satisfeita (quem está?).
Riscar o calendário me conforta; me dá a sensação de dever cumprido, de dias trabalhados, dias vividos. Eu sou assim. Da mesma forma como tenho mania de fazer listas e sair riscando as pendências já resolvidas, fico feliz em riscar o calendário e saber que estou caminhando pra frente, e que – se Deus quiser! – estou cada vez mais perto de alcançar meu desejo.
Ao mesmo tempo, riscar cada dia indica que o caminho em direção ao meu objetivo não tem sido fácil. E que eu não estou 100% satisfeita com as circunstâncias atuais. Porém, isso de forma alguma significa que eu vou entregar os pontos e deixar a minha insatisfação se transformar em infelicidade e em um mar de lama para eu me afundar. Ela, ao contrário, é a motivação para que eu caminhe cada vez mais em busca da realização pessoal. Acredito, aliás, que, se eu estivesse 100% satisfeita com todas as áreas da minha vida, minha rotina ia ser um marasmo. Eu não ia ter motivação para mudar, para correr atrás, para batalhar.
Se, na época da faculdade, eu estivesse satisfeita com a condição de estudante, eu não teria sacrificado horas de lazer com estudo e dedicação para conseguir um trabalho que me permitisse formar estando empregada. Se eu estivesse satisfeita com o salário do meu primeiro emprego, eu não teria me esforçado por um emprego melhor. E, em nenhum desses momentos de insatisfação, eu era uma pessoa digna de dó. Pelo contrário: graças à minha insatisfação, fui levada a lugares melhores.
Por isso, nesse 30/12, o meu desejo a você, leitor do blog, é que em 2016 você continue insatisfeito com muita coisa. E que seja muito feliz! Assim como eu, que encerro esse ano feliz. Feliz e insatisfeita. ;)
Feliz Ano Novo, pessoal!!