Bom, para começar, para quem não sabe, o Inhotim é um instituto de arte contemporânea que é considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina. Fica na cidade de Brumadinho (Minas Gerais), a pouco mais de uma hora da capital, Belo Horizonte. É um lugar maravilhoso, rico não só em arte, mas também em muitas belezas naturais.
Inaugurado no ano de 2006, o Inhotim está completando dez anos de existência. E, para comemorar, estão sendo realizados vários shows no instituto, dentro de um projeto intitulado “Infinito”. Um deles foi o da Marisa Monte, que aconteceu no último sábado e de cuja plateia eu, felizmente, pude fazer parte. Show da Marisa é sempre muito bom, então eu sabia que podia esperar viver um momento maravilhoso ali. Mas, graças a Deus, a vida às vezes nos surpreende e supera nossas expectativas.
A letra da canção retrata a triste realidade do sertão, que sofre pela escassez de chuva (“A boiada seca / Na enxurrada seca / A trovoada seca / Na enxada seca / Segue o seco sem sacar que o caminho é seco / Sem sacar que o espinho é seco / Sem sacar que seco é o Ser Sol”). Quando Marisa começou a cantar essa música, ninguém esperava chuva no Inhotim. O céu naquele sábado estava claro, o sol era forte, e na previsão do tempo em alguns celulares a chance de chuva era de 0%. Mas a música foi seguindo, e Marisa foi cantando e chamando a chuva (“Ó, chuva, vem me dizer / Se posso ir lá em cima pra derramar você / Ó, chuva, preste atenção / Se o povo lá de cima vive na solidão”). E aos dois minutos e meio de música algumas pessoas que estavam na plateia já começaram a sentir as primeiras gotas caindo do céu. Aos quatro minutos, a plateia toda já tinha sido contemplada com as “lágrimas de São Pedro” a que a música se refere. E ao final da canção, todo mundo já estava molhado e de pé, aplaudindo Marisa e o espetáculo natural que estava acontecendo ali. Os comentários que se ouviam eram: "Olha isso!!!", "Olha só! A chuva começou a cair na hora da música!!", "Literalmente a dança da chuva!", "Bizarro! Isso foi bizarro!!".
A plateia estava em êxtase. Foi ao delírio. E com razão. E eu, graças a Deus, estava ali. Foi, sem dúvida, um dos shows mais espetaculares a que eu já assisti em toda a minha vida. "Inesquecível" (palavra usada pela própria Marisa). O cenário era maravilhoso. A trilha sonora era espetacular. E a energia... só quem estava presente sabe como foi!
A chuva se intensificou, mas não foi suficiente para fazer com que a plateia arredasse o pé dali. Pelo contrário. Agora de pé, todos pareciam aproveitar ainda mais o show, lavando a alma ao som de Marisa Monte.
Obrigada, Marisa! Obrigada, Deus!