Hoje, quando o Miguel está com oito meses – e continua dormindo muito bem –, senti vontade de vir aqui escrever um pouco mais sobre a rotina de sono dele (e, talvez, até esclarecer alguns pontos).
Antes de mais nada, quero só comentar que atualmente nós não usamos mais a manta-canguru, que eu mencionei no post anterior. As noites têm sido quentes, e o Miguel se mexe muito no berço: então, a manta-canguru deixou de ser funcional.
Bom, desde antes de completar quatro meses de idade, o Miguel dorme de 11 a 12h por noite. Ele é, de fato, um bebê muito dorminhoco!! Acho que grande parte dessa característica dele é algo bem pessoal, mesmo (alguns bebês tendem naturalmente a dormir mais, outros a dormir menos). Mas creio, também, que eu, o Rafa e o ambiente em que o Miguel está inserido contribuem para esse sono longo e de qualidade.
Antes de o Miguel nascer, li sobre sono de bebês, fiz curso... E sempre procurei seguir certos padrões de comportamento no que diz respeito às sonecas e ao sono noturno do Miguel. Mas nunca foi nada forçado: as coisas sempre fluíram de uma forma muito natural e tranquila. Assim, acho importante dizer: eu nunca "treinei" o Miguel para dormir muito. Acho a palavra "treinamento" bem complicada, aliás, porque me soa como um "adestramento", como algo que contrariaria o comportamento natural e fisiológico do Miguel.
O que eu sempre procurei fazer em relação ao sono dele – e procuro fazer quanto a qualquer área de sua vida – é proporcionar-lhe boas condições, um bom ambiente, um bom contexto. Assim, por exemplo, nunca coloquei o Miguel para dormir seu sono noturno num ambiente barulhento, estressante ou com iluminação alta: sono noturno é sempre com pouca (leia-se "quase nenhuma") luz, num ambiente quieto e acolhedor. Evito estimulá-lo ou deixá-lo agitado logo antes de dormir (por isso, apesar de eu ler livros praticamente todos os dias com o Miguel, nunca o faço na hora de colocá-lo no berço).
Uma coisa muito importante para que qualquer ser humano tenha um sono de qualidade é a capacidade de "se ninar" (ninar-se sozinho, mesmo). Existem muitos adultos que só conseguem adormecer se estiverem com uma televisão ligada, certo? Pois é: da mesma forma, muitas crianças são acostumadas a dormir no colo, e acabam passando a depender disso para conseguirem pegar no sono. Isso é um problema, pois nosso sono é formado por ciclos nos quais "breves despertares" não são infrequentes. Se uma pessoa não consegue se ninar sozinha, o que acontece? Ela acorda no meio da noite, num desses "breves despertares", e não consegue voltar a dormir, porque está sozinha. Resultado: insônia, frustração, estresse e cansaço.
Assim, um grande favor que os pais podem fazer a seus filhos é ensiná-los a se ninarem sozinhos. Fazê-los dormir no colo é, muitas vezes, uma delícia (e uma tentação!). Mas adotar esse comportamento como rotina pode ser muito nocivo (para eles e para os pais). E é certo: vai ter sempre uma avó, uma bisavó, uma tia ou uma madrinha querendo fazer seu bebê dormir no colo. Minha sugestão para esses casos? Evite. Educadamente dê um jeito de levar o bebê para outro ambiente, peça licença para realizar a rotina com a qual o bebê já está habituado... Mas não deixe uma terceira pessoa prejudicar o ritual que você acredita ser o mais adequado para o seu filho.
Sabendo da importância de que o Miguel aprendesse a se ninar, desde que ele nasceu eu sempre foquei na meta de colocá-lo no berço acordado, mas sonolento. E quando comento com alguém que eu "o coloco no berço, saio, e ele dorme", não sei por que razão, algumas pessoas inferem: "ah, mas então você deixa chorar?" Gente, uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra! Sou muito convicta em não adotar a técnica do "deixar chorar", por diversas razões:
- primeiro porque eu morro de dó, não consigo ouvir um bebê chorar e simplesmente não fazer nada;
- segundo porque eu entendo que o choro é uma forma de comunicação: se o bebê está chorando, ele não está fazendo isso "à toa", há uma razão (e esta razão tem que ser investigada pelos pais, ainda que nem sempre consigamos encontrar uma resposta);
- estudos mostram que quando um bebê é submetido a uma grande quantidade de estresse, o nível de cortisol no organismo aumenta muito; criam-se condições danosas às sinapses entre neurônios; e no futuro a criança pode apresentar quadros de agressividade e ter seu desenvolvimento emocional prejudicado.
Dito tudo isso, acho que consegui esclarecer um pouco mais acerca do ritual de sono do Miguel. Este é um assunto que rende muuuito, então, talvez eu queira, no futuro, escrever um outro post a esse respeito! De toda forma, espero que as informações que publiquei até agora sejam de utilidade para outras famílias! :)