É claro que não sou ninguém para ficar julgando hábitos de blogueiras mais famosas do que eu (falo no feminino porque são as mulheres que eu costumo acompanhar). Se elas estão onde estão, é porque fazem sucesso; é porque o que elas andam fazendo atrai e agrada ao público. Então, quero deixar claro que não estou assumindo aqui a posição de quem acusa ou aponta o dedo. Quero, apenas, propor uma reflexão sobre certas práticas que já estão enraizadas em grande parte da blogosfera, e que muita gente consome com passividade. Há algum tempo eu publiquei um post dentro desta temática (para lê-lo, clique aqui). No post de hoje quero discorrer sobre alguns tópicos específicos:
Mais do mesmo
Algo que tem me incomodado um pouco é a padronização de certos comportamentos entre os blogueiros. Seguindo um desejo (legítimo) de reproduzir fórmulas que têm feito sucesso com as outras pessoas que atuam neste ramo, os blogueiros (homens e mulheres) estão, em verdade, se tornando muito repetitivos. As "tendências" viraram a regra, e o que se vê por aí é "mais do mesmo". Vejam-se, por exemplo, os perfis dos blogs e dos blogueiros no Instagram. A onda agora é o tal do grid "clean", "branco" ou "estilo tumblr": de repente, todo mundo começou a postar fotos com fundo branco, cores claras, pouca saturação. Enquanto isso era característica de uns poucos (como a Melina Souza), eu achava bem legal. Era um sinal de personalidade; uma forma de identificar um ou outro blogueiro, de particularizá-lo. Mas de repente todo o meu feed do Instagram começou a ficar lotado de fotos brancas, e eu estou achando isso a coisa mais sem graça do mundo! Sério, pra quê isso? Se a vida é colorida, por que ficar apagando as cores das imagens do dia a dia? Desde o momento em que eu percebi que as fotos clean viraram febre, tenho feito questão de deixar o meu perfil no Instagram ainda mais colorido (vai ver que, a partir de agora, isso é o que vai me diferenciar dos demais).
Merchandising deslavado
Qualquer pessoa que já acompanhou alguma telenovela é capaz de afirmar que, se tem uma coisa que consegue avacalhar uma cena, essa coisa é o tal do merchandising deslavado. Quando uma cena é utilizada para fazer propaganda de uma marca (de refrigerante, de shampoo, de carro ou de qualquer outro produto), até a Regina Duarte e o Tony Ramos são capazes de trabalhar mal. Perdem toda a naturalidade do jogo cênico, porque têm consciência de que comercial no meio da novela é forçação de barra. Mas, no final das contas, vale a pena, porque a grana é boa.
Com a perda do protagonismo da televisão como meio de entretenimento e sua substituição pela Internet, era natural que o merchandising migrasse para as novas mídias e alcançasse os principais "influenciadores digitais". Resultado: grandes blogueiros e YouTubers hoje são pagos para divulgar produtos. Há algo de errado nisso? Não. Algo de ilícito, de imoral? Em absoluto! Porém, é facilmente perceptível a perda de naturalidade dos "influenciadores digitais" quando estão fazendo propaganda paga em seus blogs e canais. É claro que é absolutamente legítimo que os grandes blogueiros utilizem seu poder de alcance como uma forma de ganhar dinheiro. Eles, aliás, têm muito mérito por terem conseguido o número de seguidores que possuem; e, portanto, merecem ser recompensados. Dificilmente se consegue um grande público sem muito trabalho e dedicação. Porém, eu sempre achei que a graça dos blogs residia na espontaneidade dos posts. E, quando a coisa fica comercial demais, essa graça acaba indo embora, junto com a espontaneidade e a naturalidade do blogueiro que está sendo pago para anunciar.
E o conteúdo?
Estou certa de que avaliar a qualidade do conteúdo de um blog é algo extremamente subjetivo. A Internet é altamente democrática: há conteúdo para todos os gostos, todas as idades e todos os públicos, e cada um dá ibope para o site que quiser. Além de tudo, grande parte das pessoas utiliza a Internet como fonte de lazer e entretenimento – e quem sou eu pra julgar o que cada pessoa consome em seu tempo de ócio. Porém, me decepciono um pouco quando vejo blogueiros que se dizem preocupados com o conteúdo se renderem a certas temáticas. Existe uma TAG, por exemplo, que grande parte dos blogueiros famosos já respondeu e é intitulada "100 perguntas que ninguém te pergunta". A maior parte das perguntas é altamente boba e irrelevante, parece brincadeira de criança. Coisa do tipo: "Você prefere ser atacado por um enxame de abelhas ou por um urso?". Sério mesmo, eu já passei da idade de me interessar por esse tipo de brincadeira que cria um dilema altamente sem nexo (como alguém "preferir" um ataque e, ao mesmo tempo, poder "escolher" a forma como será atacado) e exige resposta rápida do "entrevistado". Enfim, sei que não sou obrigada a nada, então, se não gostei de um post ou vídeo publicado por um blogueiro, é só eu fechar a página do navegador silenciosamente. Mas, de toda forma, acho válido questionarmos o que consumimos (enquanto leitores e seguidores) e o que reproduzimos (enquanto blogueiros e YouTubers) na Internet.
Sei que, enquanto pessoas inseridas nas mídias sociais, todos estamos sujeitos a reproduzir algum tipo de comportamento que não acrescenta nada para ninguém. Não vou dizer que nunca fiz ou nunca farei isso. Mas gostaria que meus leitores soubessem que não é sem reflexão que eu procuro os conteúdos para o blog. E que eu espero, sinceramente, sempre ter algo para acrescentar à vida de quem acessa os meus posts e vídeos!